quarta-feira, 22 de maio de 2013


Rorty e as Orquídeas Selvagens


Meu filho achou meu primeiro "post" no blog "profissionaludo". Acho que queria algo menos jurídico. Vou  tentar agradá-lo dessa vez, falando de um filósofo que admiro.

Richard Rorty é um filósofo americano, falecido em 2007, aos 75 anos. É conhecido como um neopragmatista, pois retomou nos EUA os estudos sobre William James, John Dewey, etc. Politicamente, trata-se de um liberal, conhecido também por seu relativismo ou ceticismo.

Richard Rorty: liberal e cético
Filho de trotskistas, Rorty escreveu um artigo chamado "Trotsky e as orquídeas selvagens". Como ele, filho de militantes comunistas, poderia conciliar o imperativo de engajamento social e político com alguns gostos que foi desenvolvendo, digamos, aristocráticos, como a criação de orquídeas selvagens?

A obra de Rorty responde com uma separação rígida entre a vida privada e a vida pública. A vida privada é o lugar dos desejos, das idiossincrasias, da autocriação. A vida pública não deve interferir nessa esfera, a não ser no que for indispensável para a convivência social. Apesar dessa postura tipicamente liberal, Rorty acredita que podemos ser solidários, para que todos possam ter chances de desenvolver suas potencialidades. 
Trotsky

Outro aspecto relevante do pensamento de Rorty é o relativismo ou ceticismo. Ele não acredita em verdades políticas ou morais, ou pelo menos acredita que a verdade está sempre ligada  a um contexto histórico e linguístico. Assim, prefere falar em "vocabulários" diversos que coexistem na vida social. Nada há que garanta um fundamento último a esses vocabulários. Para Rorty, a própria filosofia consiste apenas num conjunto de sugestões dos filósofos sobre o que somos, como devemos nos organizar, etc. E filósofo, para o nosso autor, é simplesmente alguém que leu certos livros contendo essas sugestões e que faz  notas de rodapé aos escritos de Platão.


Defender uma verdade pode ser algo pesado para o indivíduo e custoso para a sociedade. Melhor ter um vocabulário, ao lado de outros, e tentar demonstrar através do diálogo por que o seu é mais vantajoso. Enquanto isso,  não há mal algum em cultivar orquídeas. 







Nenhum comentário: