

Mas até que nessa Copa de 2010 fiquei
mais entusiasmado. Talvez porque minha filha de 15 anos se interessou
surpreendentemente pelo torneio. Vê os jogos, conhece os jogadores, opina sobre
o desempenho de cada equipe, cada vez com mais segurança. Fico feliz por vê-la
assim motivada. Virou uma espectadora fiel de uma tevê de esportes, onde
“comentaristas”, palavra e profissão que ela deve ter conhecido esse mês, falam
o dia todo em Copa do Mundo. Embarco no entusiasmo dela, quero ver algum
sentido nesses comentários, que esmiuçam todos os detalhes do campeonato. Procuro
ver pelo lado da fraternidade mundial, da luta contra o racismo, torço pelas
seleções de países pobres. Às vezes volto ao meu ceticismo e vou procurar outra
ocupação. Ela reclama e me convida para
assistir, mais uma vez, às considerações do seu comentarista favorito, um tal
de Lédio Carmona, um senhor de óculos, bastante ponderado.
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Lédio Carmona |
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Blaise Pascal |
Pascal, filósofo francês dos mais
agudos, disse que buscamos o divertimento, o divertissement, para escapar, mesmo que momentaneamente, ao destino
cruel do ser humano, da solidão cósmica à qual estamos condenados. Esqueço
todas essas considerações e assinto animado a seu convite. Vamos ver Lédio
Carmona. Comparar os feitos dos jogadores, das equipes, criticar os erros da
arbitragem, vamos, sim, todos, nós e os jogadores, nos divertir. Comente, Lédio, até adormecermos, até de
madrugada aí na África do Sul. Enquanto você fala e eu assisto ao seu programa
com Natália, esquecemos os males da vida e somos felizes.
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